sábado, 7 de junho de 2014

Perfeita Consagração de si mesmo á Nossa Senhora!!!


Artigo I

"Uma perfeita e inteira consagração de si mesmo á Santíssima Virgem"

Esta devoção consiste, portanto, em entregar-se inteiramente á Santíssima Virgem, a fim de, por ela, pertencer inteiramente a Jesus Cristo. É preciso dar-lhe:
  • 1° nosso corpo- com todos os seus membros e sentidos.
  • 2° nossa alma- com todas as suas potências.
  • 3° nossos bens exteriores- que chamamos de fortuna, presentes e futuros.
  • 4° nosso bens interiores e espirituais- que são nossos méritos, nossas virtudes e nossas boas obras passadas, presentes e futuras.
Num palavra, tudo que temos na ordem da natureza e na ordem da graça, e tudo que , no porvir, poderemos ter na ordem da natureza, da graça e da glória , e isto sem nenhuma reserva, sem a reserva sequer de um real, de um cabelo, da menor boa ação, para toda a eternidade, sem pretender esperar nem esperar a mínima recompensa de sua oferenda e de seu serviço, a não ser a honra de pertencer a Jesus Cristo por Ela e n'Ela, mesmo que esta amável Senhora não fosse, como é sempre a mais liberal e reconhecida das criaturas.

Importa notar, aqui, duas coisas que há nas boas obras que fazemos, a saber: a satisfação e o mérito, ou o valor satisfatório ou impetratório e o valor meritório.

O valor satisfatório ou impetratório duma boa obra é uma boa ação na medida em que satisfaz a pena devida pelo pecado, ou em que obtém alguma nova graça;

O valor meritório ou mérito é uma boa ação, em quanto merece a graça e a glória eterna.

Ora, nesta consagração de nós mesmos á Santíssima Virgem, nós lhe damos todo o valor satisfatório, impetratório e meritório, ou, por outra, as satisfações e os méritos de todas as nossas boas obras: damos-lhe nossos méritos, nossas graças e nossas virtudes, não para comunicá-los a outrem (porque nossos méritos, graças e virtudes, propriamente falando, são incomunicáveis; só Jesus Cristo, fazendo-se nosso penhor diante de seu Pai, pôde comunicar-nos seus méritos), mas para no-los conservar, aumentar e encarecer, como diremos ainda. Damos- lhe nossas satisfações para que Ela as comunique a quem bem lhe pareça e para maior glória de Deus.

*   *   * 
Daí segue:

- 1° que, por esta devoção, damos a Jesus Cristo, do modo mais perfeito, pois que o que fazemos pelas mãos de Maria, tudo que lhe podemos dar, e muito mais que por outras devoções, pelas quais lhe damos uma parte de nosso tempo ou de nossas boas obras, ou uma parte nossas satisfações e mortificações. Aqui damos e consagramos tudo, até o direito de dispor dos bens interiores, e as satisfações que ganhamos por nossas boas obras, dia a dia: e isto não se faz nem mesmo numa ordem religiosa. Nestas, consagram-se a Deus os bens de fortuna pelo voto de pobreza, os bens do corpo pelo voto de castidade, a vontade própria pelo voto de obediência, e, ás vezes, a liberdade do corpo pelo voto de clausura. Não se lhe dá, porém, a liberdade ou o direito que temos de dispor de nossas boas obras, nem se renuncia tanto como se pode ao que o cristão tem de mais precioso e caro: seus méritos e satisfações.  

- 2° Uma pessoa, que assim voluntariamente se consagrou  e sacrificou a Jesus Cristo por Maria, já não pode dispor do valor de nenhuma de suas boas ações. Tudo do que sofre, tudo que pensa, diz e faz de bem pertence a Maria, para que Ela de tudo disponha conforme a vontade e para a maior glória de seu Filho, sem que, entretanto, esta dependência prejudique de modo algum as obrigações de estado no qual esteja presentemente, ou venha a estar no futuro: por exemplo, as obrigações de um sacerdote que, por dever de ofício ou por outro motivo, deve aplicar o valor satisfatório e impetratório da Santa Missa a um particular; pois não se faz esta oferta a não ser conforme a ordem de Deus e os deveres de estado. 

- 3° A consagração é feita conjuntamente á Santíssima Virgem e a Jesus Cristo; á Santíssima Virgem como ao meio perfeito que Jesus Cristo escolheu para se unir a nós e nós a Ele; e a Nosso Senhor como o nosso fim último, ao qual devemos tudo o que somos, como a nosso Redentor e nosso Deus.

Extraído do Livro: "Tratado da Verdadeira Devoção á Santíssima Virgem - página 120.






















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